Falar de comunicação

Se é impossível não comunicar…então vamos fazê-lo positivamente!

 

Falar de comunicação é sempre um desafio arriscado, pois é certo que muito ficará por dizer!

O modo como nos relacionamos com os outros, a maior ou menor eficácia no relacionamento, depende da nossa competência no processo de comunicação.

Em média 75% do tempo da maioria das pessoas é passado a relacionar-se com outras pessoas.

Comunicar é uma troca de ideias, sentimentos e experiências entre pessoas que conhecem o significado daquilo que se diz e do que se faz. Comunicar é um processo interativo e pluridirecional.

É impossível não comunicar! A comunicação é um fenómeno que está constantemente presente em toda a parte.

Este é um dos axiomas da comunicação que, certamente, já ouviu várias vezes. E se esta é uma realidade inegável, também não deixa de ser verdade que muitos de nós ainda subvalorizamos o impacto que o nosso comportamento e o nosso estilo de comunicação tem nas relações que estabelecemos com os outros tanto a nível pessoal como profissional.

É fundamental que no processo de comunicação, tenhamos presente, não só o significado que atribuímos às coisas, aos nossos gestos, palavras e expressões, mas que atendamos também às possíveis significações que as outras pessoas, com quem comunicamos, lhes possam dar.

Comunicamos através da comunicação verbal, que inclui a linguagem verbal escrita, são exemplo os emails, mensagens, livros, jornais, etc e a linguagem verbal oral, são exemplos o diálogo entre duas pessoas, chamada telefónica, televisão, etc. Mas, essencialmente, comunicamos através da linguagem não verbal, ou por vezes também designada por comunicação não verbal, que engloba os nossos gestos, postura, expressões faciais, silêncios, tom de voz, pronúncia, vestuário e adornos, etc.

A comunicação não verbal pode não ser consciente nem mesmo intencional, mas conhecer o seu valor e a sua importância para nós e para os outros, é essencial para evitar as ruturas ou os bloqueios da comunicação. A comunicação não verbal vai informar-nos sobre o conteúdo da comunicação verbal, ajuda-nos a interpretar as mensagens verbais.

Numa época em que comunicamos constantemente quer presencialmente quer nos ambientes digitais (por exemplo, nas redes sociais) importa aumentar o autoconhecimento sobre o nosso estilo de comunicação e estarmos atentos ao impacto que este terá nos outros com quem interagimos. Afinal os outros vêem-nos como nos apresentamos. E que melhor forma de explorar o nosso estilo de comunicação do que refletirmos sobre o modo como afrontamos as situações em que existe desacordo ou conflito.

A ciência psicológica pode ajudar nesse processo de autoconhecimento.

Desafio-vos a pensarem na forma como se comportam perante um desacordo ou conflito. O estilo de comunicação a que mais tendem a recorrer contribui para a construção de um ambiente saudável ou pelo contrário, aguça os desconfortos e o mal-estar?

Para simplificar este exercício de introspeção, que é obviamente complexo, demorado e que pode potenciar a confrontação com aspetos da nossa personalidade que podem ser menos agradáveis e com os quais não nos sentimos confortáveis, partilho uma proposta de cinco características /estilos de comunicação.

Para cada conjunto de características, identifico o objetivo a alcançar com o comportamento, a postura adotada, o tipo de raciocínio que lhe serve de base e o resultado no próprio e nos outros.

Vamos lá então analisar, mais em detalhe, estes cinco estilos de comunicação, Competitividade, Fuga/Evitamento, Partilha/Compromisso, Cedência/Acomodação e a Colaboração/Assertividade.

 

ESTILO / ABORDAGEM OBJETIVO POSTURA TIPO DE RACIOCÍNIO RESULTADO
COMPETITIVIDADE Atingir os meus objetivos. Sei o que está certo. Não questionem o meu julgamento ou autoridade. É melhor arriscar e causar ressentimentos do que abandonar a questão. Sinto-me recompensado/a, mas a outra parte pode sentir-se derrotada e possivelmente humilhada
FUGA / EVITAMENTO Evitar ter de lidar com o conflito. Sou neutral quanto ao assunto. Deixem-me pensar sobre isso. É um problema dos outros. As discórdias são inerentemente más porque provocam tensões. Os problemas interpessoais não são resolvidos, causando frustração a longo prazo, manifestada de múltiplas formas.
PARTILHA / COMPROMISSO Chegar a acordo rapidamente. Vamos procurar uma solução com que todos possamos viver, e continuar a trabalhar. Os conflitos prolongados distraem as pessoas do seu trabalho e causam sentimentos amargos/ desagradáveis. Os participantes escolhem soluções rápidas em vez de eficazes.
CEDÊNCIA / ACOMODAÇÃO Não aborrecer o outro. Como é que posso ajuda-lo/a a sentir-se bem quanto a isto? A minha posição não é tão importante assim que mereça arriscar sentirmo-nos mal um com o outro. Manter relações harmónicas deve ser a nossa maior prioridade. O outro pode aproveitar-se.
COLABORAÇÃO

/ ASSERTIVIDADE

Resolver o problema juntos. Esta é a minha posição. Qual é a sua? Comprometo-me a encontrar a melhor solução possível. O que nos sugerem os factos? Cada posição é importante, se bem que não seja igualmente válida. Ênfase deve ser colocada na qualidade do resultado e na justeza do processo de tomada de decisão. Maior probabilidade de resolver o problema. Ambas as partes comprometem-se com a solução e sentem-se satisfeitas por terem sido tratadas com justiça.

 

Identificou-se com algum(s) destes estilos? É bem provável que sim.

Reconheceu aspetos a melhorar na forma como comunica? É bem provável que sim.

Mudar está nas suas mãos e a mudança já começou quando aceitou o desafio de questionar a sua forma de comunicar, a partir daqui é consigo!